De acordo com as leis de inclusão toda criança deve frequentar a escola regular e estas devem estar preparadas para recebê-las. Os surdos possui como primeira língua a LIBRAS (Língua Brasileira de sinais) e na escola regular a é utilizado o português. A maioria das comunidades surdas defendem a existência de escolas bilíngues onde seja ensinado a língua de sinais e o português.
Já existem várias escolas no Brasil que são bilíngues, porém, não o suficiente para atender toda a demanda de jovens e crianças com surdez ou deficiência auditiva.
Abaixo alguns pontos levantados para compreender a inclusão com a professora e tradutora-intérprete Sônia Marta de Oliveira e a psicopedagoga Mary Lopes Frizanco:
SOBRE A SURDEZ
Existem vários graus de surdez. Diz-se que a pessoa pode ser surda ou deficiente auditiva, variando o nível de audição residual que ela apresente. Em geral, a surdez total é congênita e relacionada à hereditariedade - que, por sua vez, tem relação com ocorrências de consanguinidade na família. É interessante saber que, mesmo quando existe audição residual, a pessoa pode optar pela comunicação na língua de sinais, que é mais adequada à sua expressão. O mesmo ocorre com os aparelhos auditivos: embora eles facilitem a audição, a criança que usa o aparelho pode optar por se comunicar na língua de sinais. "Conheço crianças que desligam o aparelho ao chegar à escola, pois lá encontram coleguinhas com os quais se comunicam por meio dos sinais", comenta a professora Sônia Marta de Oliveira.
TUDO COMEÇA EM CASA
Tudo começa em casa Infelizmente, muitas crianças surdas só têm contato com a língua de sinais na escola. "Sabemos que 90% das crianças surdas têm pais ouvintes, mas poucos deles se dispõem a aprender a língua de sinais para se comunicar com os seus filhos", lamenta a professora Sônia Marta de Oliveira. O resultado disso é desastroso: até a idade escolar, a criança não aprende a se comunicar nem em português nem na língua de sinais, desenvolvendo apenas fragmentos de comunicação. E, às vezes, não sabe nem o seu nome! Por isso, o ideal é que o contato com a língua de sinais, por meio da qual ela se comunicará bem, se dê o mais cedo possível. "Antigamente, os fonoaudiólogos desaconselhavam a língua de sinais, pois achavam que ela impediria as crianças surdas de tentarem falar. Hoje, a maioria já sabe que é pela língua mais apropriada a elas que elas se desenvolverão melhor", ressalta a professora, com experiência de quase 20 anos com alunos surdos.
PROFESSORES PREPARADOS
O professor regular que tenha uma ou mais crianças surdas na classe tem de fazer de tudo para se comunicar com elas. No entanto, mesmo que ele aprenda a língua de sinais, a presença de um professor surdo, que domine as libras como primeira língua e possa ensiná-la e facilitar a comunicação da criança, também é fundamental. "Só um adulto surdo ensina bem a língua de sinais para outro surdo", destaca a psicopedagoga Mary Lopes Frizanco, completando: "Não se pode esquecer que a língua ‘materna’ do surdo é a de sinais, não o português".
APOIO NO CONTRATURNO
Assim como ocorre com crianças com outras deficiências, o aluno surdo que frequenta uma classe regular deve receber apoio específico no contraturno, ou seja, no horário em que não estiver na aula. Nesse período, ele terá o apoio de professores que dominam a língua de sinais e podem auxiliá-lo a resolver dúvidas e a se comunicar melhor, além do contato com materiais também específicos. Em Santo André, na Grande São Paulo, a psicopedagoga Mary Lopes Frizanco assessora a inclusão de mais de mil alunos surdos que frequentam a escola regular. "Esse apoio a mais é essencial", enfatiza ela, que também acredita no exercício do bilinguismo, ou seja, que a criança não abra mão da língua de sinais. "Acredito na inclusão, mas não a qualquer preço", diz.
ALFABETIZAÇÃO
"O português é aprendido como uma língua estrangeira", explica a professora Sônia Marta de Oliveira. "Primeiro, a criança aprende a língua de sinais, que é a sua primeira língua, por meio da qual ela se comunicará de forma mais completa. Depois, aprende o português como segunda língua", complementa Sônia, lembrando que a língua de sinais tem gramática e sintaxe próprias, e é complexa como qualquer outro idioma. No aprendizado do português, as crianças surdas costumam até a fazer comparações linguísticas. "Para crianças surdas, o caminho da alfabetização em português deve ter ênfase em recursos visuais", recomenda a professora.
ESCOLA BILÍNGUE
Como ela funciona? "Com classes regulares e classes para surdos, nas quais a primeira língua é a de sinais, e o português é ensinado como segunda língua", esclarece a professora Sônia Marta de Oliveira. Já existem muitas escolas bilíngues no Brasil, que são aceitas por lei e costumam apresentar ótimos resultados. Para localizar essas escolas, pode-se entrar em contato com a Feneis ou com a Secretaria de Educação de sua cidade.
PERSPECTIVAS DOS SURDOS
Antigamente, os surdos em geral desempenhavam trabalhos manuais, como marcenaria e artesanato, justamente devido à dificuldade de inclusão no sistema escolar. Hoje, frequentando escolas bilíngues, escolas regulares aptas à sua inclusão ou escolas especiais para surdos, as crianças podem se desenvolver de maneira típica, ingressando mais tarde na faculdade e conquistando a profissão de sua preferência.
Disponível em: http://educarparacrescer.abril.com.br/comportamento/inclusao-surdez-752480.shtml. Acesso em 27/09/2015.
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